sábado, setembro 08, 2007


QUANDO TRÊS E QUATRO SOMAM SETE



... Olhai os lírios do campo, que não fiam nem tecem , mas nem Salomão em toda a sua glória se vestiu como um deles...

Desde os meus quase imemoriais primeiros momentos de lucidez lembro de gostar do número sete. E vale a pena lembrar que este número aparece desde tempos remotos da humanidade como um simbolismo de perfeição: 3+4= 7, o três espiritual mais o quatro matéria. O três masculino, o quatro feminino, sendo o primeiro o triângulo e o segundo o círculo, figuras que aparecem para simbolizar os dois sexos até os dias de hoje, e, conforme foi lembrado por alguém, resistem atualmente mais como figuras, tendo seu significado na história da humanidade ficado perdido em recantos pouco visíveis. O ser hermafrodita resultante da junção dos dois princípios, feminino e masculino, a perfeição buscada incessantemente? E não estaremos numa forma equivocada dessa busca, percebendo o amor como um fim pessoal e egoísta, não entendendo que ele só poderá acontecer em harmonia com todo o cosmos, quando compreendermos que para termos SETE, a soma do três e do quatro terá que acontecer em uma conjunção em compasso com o ritmo das águas, as fases da lua, a variação das marés, onde cada célula fará sua parte para o esplendor do todo, modestamente, despretensiosamente. Então apesar de toda a aceleração e aparente superfcialidade deste momento da humanidade, ainda sobrevivem em nossas entranhas,conectados a todo Universo,os imememoriais labirintos de sete caminhos. Mesmo encobertos por séculos de ruínas, três e quatro continuam à espera de se transformarem em um magnífico SETE. Mesmo estando amor e sexo banalizados em nossos dias por relações descartáveis e superficiais, tais elementos ainda sobrevivem intactos. E precisamos mergulhar fundo dentro de nós para ir removendo o entulho que impede a visão do paraíso. E precisamos compreender que nosso ser não existe desconectado do Universo, do trabalho comunitário das células, que, ao não entenderem sua função, ao desejarem uma independência egoísta, produzem a doença, tal como quando as pessoas que não entendem sua função como quem faz parte de algo maior, pensam no amor como algo pessoal, particular, um ser amado com quem esquecer o mundo, a quem possuir, não conseguirão vibrar em harmonia com o todo. Aprendamos com os índios. A humanidade adoeceu de egoísmo e medo. Então, iniciada a caminhada pra dentro de si, após muito procurar, lá descobriremos o que está escondido a sete chaves, o labirinto dos sete caminhos que têm saída. Aí nada mais será lamentado, nada poderá impedir o encontro de três e quatro, cujo movimento harmonioso com o Cosmo fará com que sejam atraídos para a mesma órbita, iluminados pelas sete cores do arco-íris. Aceitar a derrota diante dos entraves desse mundo acelerado e aparentemente sem solução, virar as costas a uma possibilidade de amar, é não saber que já estamos mortos ao nascer, que morte e vida são uma só coisa, olhada por dois lados como nos permite nossa visão dividida. Sendo assim, uma visão inteira da nossa condição nos diria tal verdade e o que ocorre é que a parte que é vida vai diminuindo à mesma proporção em que a que é morte cresce a cada dia. Sendo assim, entregar-se a um esquecimento voluntário será somente uma forma de suicídio sem morte. Mas nada impedirá que o processo vital vá em frente. E por mais que se diga desejar sumir, todos queremos ser vistos e lembrados. Mesmo o suicida dá seu último grito de socorro com o bilhete deixado, o que pode signficar também que ainda espera ser ouvido a tempo de não morrer.

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