terça-feira, abril 29, 2008



" ... e que buscavas en la noche outonal, un norte a seguir, una constelación pequeña de estrellas muy luminosas ? La perdeste de vista? Pero ella se queda al firmamento para que la observes en el mejor momento, a mediados de mayo, ella se queda al firmamento para ser vista por ti..."

Você escrevera um poema falando na Cruz del Sur e eu publiquei outro citando as palavras acima. Parece agora estarmos pisando nos próprios rastros... e dessa forma transformando lindos esboços, surgidos em momentos mágicos, em formas mais precisas e mais intensas.
A vida reserva sempre muitas surpresas... e ficar à espreita do que será logo a seguir é acreditar no futuro. E como fala teu poema, a nossa morte só existe para os outros. Somos eternos em nossa finitude...


sábado, dezembro 08, 2007






COMO FOLHAS AO VENTO




E já entrou dezembro, enquanto este novembro se descortinara sombrio, mas de repente tudo parece ter serenado, apesar de que feridas mesmo cicatrizadas sempre permanecem como marcas nos caminhos. Voltamos a conversar mas agora tudo que foi tão intenso começa a me parecer distante e um tanto irreal. Acho que aqueles momentos tão nossos, ternos , parecendo tenra verdura recém colhida, já não têm vigências em nós. Somos agora adultos nessa caminhada. Ficam para trás aquelas efusões que pareciam nascer de um universo à parte de nós mesmos, um lugar onde ainda ninguém tivesse tocado, um paraíso a ser
descortinado. Nos perdemos dele ou ele é que nunca existiu? Paraísos são fugazes sítios onde fazemos morada provisória e onde deixamos a fantasia nos resgatar em nossa perdida integridade de seres sonhadores de outra natureza para nossos corpos de uma solidez um tanto incômoda. Então desejamos fluir, ganhamos asas e voamos sobre nossas limitações. Seres sonhados, esvoaçamos em torno da luz na dança do amor, da superação dos limites . E, quando as luzes se apagam, nossos vôo vai perdendo força e então caímos como folha de papel na ventania, lentamente, sem pressa de chegar ao solo frio e desconcertante que sempre nos aguarda.

sexta-feira, dezembro 07, 2007




B E I J O ( N O ) S I N G U L A R




" ...foi em um dia muito distante, há mais de vinte anos, eu sonhei com você numa noite de festa, em que usei luvas brancas de cetim e um lindo vestido azul. Mas você não apareceu e agora, quase esquecida do sonho, percebi de repente que a vida me pregou mais uma peça, colocando você tão visível, tão aconchegado, tão real, mas a mais de mil quilômetros de distância..."



Eu beijo você no singular, sim,
de uma singular forma, que guardei
só pra dar a você, neste momento
e este momento de um tempo
que se recria em presentes infindos
está clamando por encontros
está soprando ao meu ouvido
um sussurro endemoniado de
prazer e deslumbramento...
Quero você pra sempre em
nossos estranhos caminhos.
Quero você inteiro e adivinho
o teu cheiro como o cego
percebe a cor, tocando formas,
como o surdo escuta os silêncios
e descobre neles vibrações reveladoras.
Quero o teu beijo no singular, olhos fechados
ou abertos, ah, adivinho o brilho
e a intensidade do teu olhar (faminto)...
E se minhas mãos tremem e minha
mente se confunde só em ver teu
nome escrito trazendo mensagem,
então como falar que isso é virtual?
A linguagem do meu corpo é real
as mãos frias e trêmulas são reais,
o coração acelerado não é real??
E o meu beijo no singular torna-se
real quando você o recebe
e me beija também...
... REAL...singular, "singularíssimo"...



quarta-feira, outubro 24, 2007


URGÊNCIA

Pois a primavera dos encantos logo se vai
em asas de cigarras cantadeiras no verão!
E quem colheu sua flor, viveu seu momento,
seguirá em frente tentando a sorte na nova estação.
E quem muito quis, mas não fez sua hora, ficará tão só,
e tudo que terá restado
será o frio de horas vazias,
retalhos descosturados
e uma dor funda dentro do peito sem remédio...

sexta-feira, outubro 19, 2007

À MINHA JANELA





... e eu gosto quando você vem nesta tua madrugada das três da manhã e me abraça com palavras "amanhecentes", me deixa um beijo nesta janela onde ao acordar inda agora, seis da manhã, venho receber um bom dia que me esperava quietinho, caloroso, instigante, (você é perigoso...!) E eu gosto de me "queimar" neste fogo que você provoca assim tão mansamente, um verdadeiro paraíso entre labaredas...
Beijo,
mais beijo ...

segunda-feira, outubro 15, 2007

VOA MEU DOCE PÁSSARO

VOA ÀS DISTANTES ESFERAS

LÁ ONDE A MÃO NÃO ALCANÇA

E ONDE AS ÁGUAS CRISTALINAS

RUMOREJAM NAS CASCATAS...

VAI E VOA UM VÔO ESPREGUIÇADO

UM VÔO DE SUPERAÇÃO

COM ASAS DE VELUDO

E OLHOS DE CRISTAL

VOA SINUOSO E VADIO

SOBRE AS MAZELAS

DESTE MUNDO...

LEVA CONTIGO A ESPERANÇA

DE DIAS ALVISSAREIROS

E NOITES ENCANTADAS

PAIRA SOBRE AS MADRUGADAS

O DIA VIRÁ COM SEUS

CAMINHOS ENTRECORTADOS,

E VOCÊ ESTARÁ FINALMENTE

LIVRE, VÔO RASANTE,

SORRI DO VELHO MUNDO

LÁ EMBAIXO...









PAPEL PICADO QUE SE PERDE PELAS SARJETAS


Isso de crianças darem vida a coisas inanimadas, nomeando-as, é bem interessante. Na verdade, esses seres são parte do cenário onde se desenrola a existência das pessoas. Lembro que na minha infância, havia uma estátua de Cristo enorme, feita em metal escuro, no cemitério defronte à minha casa e ela representava um grande pavor e, ao mesmo tempo, uma enorme atração. Aquele cemitério em si, é um ser que integra a minha história como cenário e referência, assim como a casa onde me criei. Com o passar dos anos, tais coisas se cristalizam na memória e sem elas já não conseguimos compor os momentos então vividos.
Daí a importância da conservação de prédios antigos, da não destruição sumária de tudo que constituiu nosso espaço vida em tempos passados. E para as novas gerações é importante essa ligação entre o passado e o presente que é possível com a existência de museus, bibliotecas, mas os prédios, as ruas, tem sua dinâmica e andar por caminhos antigos é pisar o chão de nossos antepassados, é recriar no imaginário a memória com a qual vêm os valores e a visão de que não caímos neste lugar de pára-quedas, que somos parte de um processo, que somos resultado de uma longa caminhada. E que nossos atos se projetam sobre o cenário da vida e podem tanto construir quanto destruir. E essa mentalidade individualista surgida com a tal globalização está construindo uma sociedade egoísta, cruel , separatista e quanto mais cresce a divisão do espaço, quanto mais os condomínios fechados se isolam, mais cresce o sentimento de desigualdade entre pobres e ricos, tornando cada vez mais fácil considerarem uns aos outros seres de espécies diversas. Sendo assim, matarem-se uns aos outros, fica algo bem mais banal e corriqueiro, especialmente quando a pobreza cresce no país e multiplica os filhos de ninguém Outro dia eu transcrevi um texto da Nina Horta onde ela falava sobre os bairros de outrora, que é onde as pessoas das cidades grandes tinham uma espécie de cidade pequena onde todos se conheciam, conversavam e onde possivelmente pobres e ricos se tocavam. Quando eu era menina, a gente podia passar defronte às casas finas da minha cidadezinha, podia até ver para dentro delas, através das cortinas, pois não havia esse apparteid geográfico que isolou as pessoas em guetos de acordo com sua classe social. Pois como falou a Nina, até casas muito humildes estão gradeadas como fortalezas, o que dificulta o relacionamento e impede qualquer exercício de boa vizinhança. E quem está do lado de fora da grade muitas vezes não oferece perigo, poderia ser um contato interessante, mas fica também constrangida de ter acesso e passa reto. Dessa forma perdemos todos, os que se fecham, os que passam.
Estes cenários são uma triste consequência da ganância de muita gente que não pensa duas vezes em espoliar os outros para juntar uma fortuna maior. Desde o mais simples funcionário até o mais rico dono de empresa, fica bastante óbvio que existe sempre o desejo de ganhar, de "vencer" na vida, não ser um "looser" e isso passa pelo viés da arrogância e usura, da mesquinharia e egoísmo irracional, de uma compulsão a querer ter em detrimento de ser. A lógica da maioria das pessoas é bastante predisposta a raciocínios em benefício próprio, o meu separado do resto, preservado com vigilância redobrada. E enquanto tantos se dedicam a amealhar suas coisas, a vida se esvai, o tempo de ser feliz encurta rapidamente e tantos momentos interessantes ficam só no campo das possibilidades remotas e inatingíveis. A vida é um sopro, não vamos desperdiçar a chance de viver intensamente, e vibrar positivamente até o mais fundo de nossa condição humana. O resto é papel picado que se perde pelas sarjetas...

segunda-feira, outubro 08, 2007



Logo estarei completando mais um ano de vida. Estou recebendo flores!!!! Obrigada!!