sexta-feira, setembro 21, 2007

O MEU E A RETA


Entrei na avenida
tão comprida,
fiquei à mercê
de toda a artilharia
quem diria!
estremecendo de pavor
com as mãos cobrindo
meu derrière ali na pontaria.

Segui em frente
não sem muito medo
de sentir as balas
zunindo e os torpedos
e eu ali de bunda em riste
sofrendo mui calado e triste
o ataque deste povo azedo.

Fiquei na reta do inimigo.
Querendo disparar, não posso,
desvios não há, é só perigo...
Meu Deus vou rezar um pai nosso,
que a coisa é séria, to perdido,
lá atrás diviso o arsenal medonho
e as pistolas com seu cano erguido!
Estava eu lá bem sentadinho,
tão bem guardada a minha entrada,
"entrada não, é só saída"
isto já era, agora to perdido,
andando a esmo na avenida
e o meu na reta sem saída!

Ouço zunir do inimigo a lança,
com pontaria para mim avança,
já sinto o ardor da vossa impiedade
célere entrando pela minha intimidade.
Levarei pra mais de mil desses vis dardos
que a reta é longa
e o traseiro largo,
um belo alvo de ebúrnea cor,
lua gelada de tanto pavor!

Quem tanto fez, tal qual aquele rato
que ao moinho tanto foi e então,
ele acabou perdendo seu focinho,
e eu assim nesta batalha inglória
fico na lama sem qualquer vitória
e de lambuja perco o busanfão !

Pois vejam esta triste hitória
peleja desigual, que lástima,
por que fui eu mexer com o vosso,
que poderoso sois e eu pobre moço,
ainda imberbe, meio bobo e fraco,
quero que apenas poupem o meu saco,
que ainda hei de ter família,
não fui só eu que lhe comi a filha!

Atrás de muitos se bandeava ela,
querendo ver nossas intimidades,
dizia a todos que se casaria
com o mais dotado, tudo em segredo,
muito dinheiro seu pai com muito gosto
daria aos dois depois do anel no dedo!
Todos fugiram pra bem longe agora
só fiquei eu, me salvem nesta hora!

Por que caí nesta armadilha,
nem foi tão bom, quando ela,
meteu as mãos embaixo na braguilha,
olhou aquele pirulito armado,
fez um muxoxo e disse este coitado,
com essa cara de pastel sem carne!

ANDRÉ GONZALES

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