quinta-feira, setembro 20, 2007

Eu deixei ir a carta que foi "sem assunto" por descuido, ironicamente, parece. Sem assunto ,quando coloquei tanto de mim naquelas palavras. Nem sei se devia te dizer que fiz dela uma homenagem a você, lá na minha página. Mas um texto a gente apaga com um clic e está tudo limpo outra vez. Estes teus sonhos são muito bonitos, mas eu venho de muitas perdas, do passado e de pouco tempo atrás, tento sobreviver e preciso ser dura pra não despencar no precipício. Preciso abrir meu caminho com pá e picareta, imagens nada poéticas, mas muito de acordo com a biografia de uma sobrevivente. Hoje foi um dia duro pra mim. Um feriado, muita chuva, sufocante chuva. E dentro desse sumidouro, eu consegui me debater e escrever pra você, tentando te dizer de como me emociono com a tua forma de ser homem, escritor e pessoa encantadora. Você fala de coisas bem concretas, alguém com você que teria um ateliê de pintura. Ironicamente, eu nunca te falei que desenho muito bem. E eu falo em arrancar a armadura que aprisiona, fugir da idealização. Quando eu falo em perder-me quero dizer que quero livrar-me de correntes impostas por condicionamentos. Ir por aquele caminho de chão batido que logo esbarrava numa curva fechada e que aparecia nos meus sonhos como um desafio e uma promessa de liberdade quando finalmente eu seguiria por ele e descobriria o que encontrar depois daquela volta , respirando os ares mais puros. Eu sei, você já me falou sobre ter que estar inteiro pra poder viver algo com alguém. E eu nem sei o que serei ao conseguir colar todos os pedaços Da ponta de cá continuo olhando a curva do caminho, quem sabe eu não demore a descobrir o que tem logo depois daquela volta?

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