terça-feira, julho 17, 2007

VESTIDO CARMESIM

Não chore ainda não

que eu tenho uma razão

pra você não chorar

Amiga me perdoa se eu insisto à toa,

mas a vida é boa, para quem cantar

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o sol chegou antes do samba chegar

quem passa nem liga, já vai trabalhar

e você minha amiga, já pode chorar



dançou pela noite alucinada

e fez de seu vestido uma bandeira,

vermelha em sangue e insanidade.

Verteu em rodopios suas entranhas

e forte e tão perdida nestes ares,

fez do seu grito reza braba aos quatro ventos!



D e de espanto fez a todos,

morrer à míngua de desejo e agonia.

Pisou mais forte o chão, bebeu cachaça,

e sufocou no peito aquela mágoa.

E valeria a pena se chorar por tal fulano

que não valia um só sequer soluço?



Dançou e foi em frente, que importava agora,

tanta palavra escrita nesses vãos desvelos,

se a vida aos pés se derramava inteira

e no seu peito, inútil coração batia?

Fez do asfalto seu melhor tablado,

dançou flamenca a dança, sapateou,

fez do suor seu mais silente choro

e rodopiou, e se esbaldou em fúria,

chamou demônios, exortou as tempestades,

clamou vingança e incendiou o peito,

queimou as asas, em volteios doidos,

e sem sandálias, pés no chão gelado,

lá desenhou seus passos mais bonitos...

A saia fez girar qual catavento,

exorcisando assim aquele amor

que era promessa nunca a ser cumprida.

E ao abraçar aquele que a seguira,

o fez com tal tempero e manha,

beijou-lhe a boca machucou-lhe a pele,

com suas unhas carmesim afiadas,

até ele gritar em uivos loucos,

qual lobo vendo a lua cheia...



Agora os sons da noite já cessaram

e só ficaram pelo ar restos de vida

e só ficaram pelo chão as marcas

e aquele velho nó na sua garganta

e as lágrimas amigas neste amanhecer,

as mãos vazias, a cabeça entorpecida,

e valsas tristes na memória de outros tempos

e flores que murcharam nos canteiros

e ainda aquele amor a machucar sua pele,

ainda aquele amor que agora despertava.




COMENTÁRIO:
19/07/2007 01h11 - lisieux
Tua poesia é mesmo muito forte. Com pinceladas de magia, ou um toque de religiosidade popular, o que eu gosto muito, por estudar essas manifestações (danças, exorcismos, feitiços)nas minhas aulas de Teologia. Bem marcante. E ainda com qualidade e lirismo. Gosto mais do que leio a cada vez que venho visitar-te! Aliás, obrigada pelo teu comentário! Fico feliz por teres gostado do meu poema também. E quanto a vir a Minas, estás convidada a ficar na minha casa e comer pão de queijo! rs respeito do Fórum, é que eu queria comentar sim! Gostei muito das tuaA s colocações, mas não queria escrever lá porque eu havia dito que não voltaria ao tópico. Pensei em escrever-te um email, mas não encontrei o teu endereço eletrônico.







Um comentário:

Rogério disse...

imitando o sotaque do rabino que foi preso roubando gravata nos states: Alôu pôuetisa de Taquaruópolis, eu, como você adóuro o pôueta piriulampôu do sul, ele descobriu a pólvôura virtual, neste sistema de blóugues! Agóura eu me vôu pois estôu com vontade de rôubar grualvaltas!